A principal característica do transtorno bipolar (e outros transtornos relacionados) é a mudança brusca de humor, de um “polo” ao outro. Ou seja, durante um período da vida, uma pessoa pode apresentar um humor muito elevado, persistente a anormal, incoerente com a situação de vida – como se parecesse feliz demais, muito animado e até mesmo “excêntrico”. A mesma pessoa, em um outro período pode apresentar outra mudança brusca de humor, e apresentar-se com humor deprimido, falta de interesse e prazer em atividades que antes realizava normalmente. Essas mudanças no humor e consequentemente no comportamento da pessoa, podem causar prejuízos significativos em diversas áreas da vida.
Para entender melhor as flutuações do humor faça o seguinte exercício: pense nos últimos três meses, nas experiências que você viveu e em como elas tiveram efeito no seu humor. Talvez você tenha ficado: triste, irritado, feliz, esperançoso, ou somente “normal”. Pode ser que você tenha ficado feliz com um feriado prolongado, ou com alguma festa que participou. Pode ser que tenha perdido alguém e isso o deixou triste e em luto. E sabemos que todos esses sentimentos são coerentes com as situações vividas e que esse estado de humor vai passar.
Quando uma pessoa tem um transtorno bipolar, esse estado de humor não é coerente com os acontecimentos, é persistente, não pode ser explicado por uso de substâncias ou alguma alteração médica. A pessoa que tem transtorno bipolar ou outros transtornos relacionados, não tem controle e muitas vezes pode não perceber que seu estado de humor está além do seu estado normal.
Vamos para algumas definições técnicas, mas que podem auxiliar a compreender as flutuações de humor e a sua gravidade: um episódio depressivo se caracteriza principalmente pelo estado de humor deprimido e pela perda de interesse e incapacidade de sentir prazer, tais sintomas perduram por pelo menos duas semanas. Funções físicas (como tomar banho, escovar os dentes, cozinhar, trabalhar), e até mesmo cognitivas (como memória, atenção, comunicação), se tornam tão difíceis de realizar que exigem muito esforço. Já o episódio maníaco se manifesta como um estado de humor extremo e oposto ao depressivo, caracterizado principalmente por euforia, irritabilidade, expansividade, atividade aumentada (aquelas que antes exigiam grande esforço) e uma experiência de aumento de energia. Tal estado tem duração de pelo menos uma semana.
Em resumo, esses são alguns sinais de alerta:
Variações de Humor: O principal aspecto dos transtornos bipolares são as mudanças extremas de humor. As pessoas com esses transtornos experimentam episódios de alta energia e euforia (chamados de mania ou hipomania) alternados com episódios de depressão.
Mania e Hipomania: A mania é um estado de humor elevado, onde a pessoa pode se sentir extremamente feliz, cheia de energia e impulsiva. Durante esses episódios, as pessoas podem ter dificuldade em dormir, falar muito, tomar decisões arriscadas e se envolver em atividades impulsivas.
Depressão: Os episódios de depressão são caracterizados por tristeza profunda, falta de energia, perda de interesse em atividades cotidianas e dificuldade em tomar decisões. Os episódios depressivos seguem a mesma característica dos transtornos depressivos, no entanto, no transtorno bipolar, ocorre em ciclos com episódios de mania ou hipomania.
Causas: A causa exata dos transtornos bipolares não é totalmente compreendida, mas, entende-se atualmente que há uma complexa interação entre os fatores biológicos, psicológicos e sociais. Para exemplificar a complexidade, vou utilizar uma imagem retirada do livro: Psicopatologia, uma abordagem integrada.
Tratamento: O tratamento para transtornos bipolares geralmente envolve medicamentos estabilizadores de humor e psicoterapia. O acompanhamento regular é fundamental para um melhor prognóstico.
Avaliação e psicodiagnóstico: Deve ser realizado por profissionais da saúde mental, é por meio da avaliação clínica e da anamnese (entrevista) que o profissional poderá indicar se há ou não a suspeita para o transtorno bipolar, e indicar o melhor tratamento. Não tente realizar um auto-diagnóstico, existem muitos critérios a serem considerados e analisados antes de se fechar um diagnóstico.
Caso tenha interesse ou curiosidade em saber mais, recomendo:
Um vídeo didático, extremamente preciso e esclarecedor, do canal Minutos Psíquicos.
"Será que você é bipolar?": https://www.youtube.com/watch?v=GJRUMR__5k4
No youtube, há o relato cuidadoso de Julia, que conta como é conviver com o transtorno bipolar e como foi o seu processo de diagnóstico.
"Como é ter transtorno bipolar": https://www.youtube.com/watch?v=McbLOsrYFrY
Por fim, recomendo que assista o terceiro episódio da série "Modern Love". Esse episódio retrata um recorte da vida de Lexi (interpretada por Anne Hathaway ), nesse episódio podemos acompanhar os episódios clássicos de mania e um episódio depressivo.
"Série Modern Love - episódio "Take Me As I Am, Whoever I Am” - em português “Me aceite como eu sou, quem quer que eu seja”. Distribuída pela Amazon Prime Vídeo.
Se você se identificou com algum dos sintomas, ou conhece alguém que se encaixa nesse perfil, procure por ajuda! O primeiro passo para um tratamento efetivo é um diagnóstico correto.